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Olá, Monotonia

Uma noite tranqüila depois de um extenso dia no qual nada se fizera. Ficar parado, pensamentos ao longe, na mais ínfima estupidez das idéias bucólicas, achando que isso e aquilo podiam ter sido refletidos diferentes, mas aí então o alívio, a certeza hedionda da existência, a mais significante refutação contra Deus e tudo: todas as imagens se quebram sólidas no mesmo espelho.

Não estar tranqüilo, nem querer estar. Eis que me ponho diante da folha que transparece branca a vívida imagem de um mundo em paz, clamando em gemidos de piedade para que eu não a sobrecarregue de verbos urticantes, confabulando para que vá adiante o desaforo ao branco da folha e, como se não houvesse nada, deixasse suspirar estaticamente a humanidade. Mas não sou ouvido para boca nenhuma, senão a que entoa ao mesmo tom da minha voz a melodia que escarro, e me deixo levar pela taquicardia dos pensamentos soltos para então dar de chutes e bordoadas nas bestas que sorriem trôpegas, encubadas na vicissitude do alheamento, indiferentes ao absurdo de existir como se não vivessem limitadas pelo perene como eu também que, melhor do que elas, enxergo lucidamente a tudo isso.

Salivar de raiva e, conseguintemente, cuspir quantas vezes preciso na mais larga extensão a que podem enxergar as vistas. Entrar para a guerra como quem não pudesse morrer, mas só matar, matar e matar. Extirpar o mais possível número de corpos mortos, desferindo-lhes com os dentes palavras frias e de exaustão. Exaurir a tudo, ensandecer sem limites e proclamar o nada – essa revolução dos costumes...

Depois, num trago suave onde Bach se mistura também ao vinho, escorar-se de todo à cadeira branca, ainda nova, e perceber que as estrelas tão distantes à extensão do céu profundo já morreram e calculamos dar por elas.

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segunda-feira, fevereiro 8, 2010 - 06:42

Ministério da Poesia :

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joaopaulo19

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