Querer não é poder

Querer não é poder.
É tão só a compaixão de um lugar inventado aos possíveis.
A esperança dói incógnita no preâmbulo de um indulto caminheiro por génios tentados.
O tempo dilacera febris quimeras dançantes.
Doble sem par do passo em murmúrio no itinerário do tempo.
Sou a adição dos equívocos.
Fragmento do tudo em fracção elevado á potencia das desilusões redundantes.
Já não sei quem fui.
Um fumo experimentado no pretérito tão etéreo que se diz nostalgia e saudade calada.
Contudo tropeço, extravaso um quase que quase todo em mim num delírio truculento por adivinhar quão vera é a frustração.
Assobio para ao ar, para os lados, mãos nos bolsos vazios onde moram misérias cheias de fome.
Tenho quadros de tintos marcados na cara, que sagra metástases ou rugas nem sei.
Diz o ali, nota solta de lágrima num oceano cantado “Amar é um deserto e seus temores…” Assim é sem agravo porque querer não é poder, mas poder é tentar.
Por quem me fiz e aos rostos e gostos tentados, sim…
Fiz o nada e o quase tudo por ser o querer e o querido.
Então aqui de onde escrevo o sangue das memórias, são…
Tenho saudades de ti por não te ver o adeus.
Ao canto os vinis do verão em que nós fomos um êxito.
A esplanada da Praia Grande…
Os Peste na Torre da Marinha quando éramos felizes os dois.
O Dramático em lágrimas com o Lou Reed num satellite of love, dedicado e vivido por nós, para nós, para nunca dizer-mos adeus e dissemos.
As tardes no Rock Rendez Vous, a faculdade vazia de ti porque vim cá sozinho dez anos depois sermos os dois.
Guardo de ti o melhor para não odiar.
Querer não é poder…
Poder era a dois…querer, queria um.
A esperança dói incógnita no preâmbulo de um indulto caminheiro por génios tentados.
Tentámos é isso que vale para nunca desistir.
“Amar é um deserto e seus temores…”
Lembras-te do Djavan…
Lembras-te de mim?