"Acabei De Nascer" 1ª História de nove, do livro: "Estrelas Apagadas"

Acabei De Nascer

 


- Esta noite tive uma ideia!
- Exclamei, bastante emocionado. Mulher essa: Prova de graça divina.
- Esta noite você teve uma ideia!?... E não é isso que você tem: Todas as noites... Todos os dias! Todas as horas: A todo o momento?!... Uma ideia!!... Ideia é coisa que não pára para pensar na vida. Ideias iguais às suas: Não colocam comida na mesa. Você tem de parar com as ideias: Que, mudam ao saber de cada peido.
- Dizia a companheira. Saturada; - por assim dizer -: Das loucuras, que, não aceitava: Dispensando rapidamente o único transporte para esta viajem; que se afunda pelos portais da imaginação.
- Amor... Por favor: Não fale assim, com esse tom agressivo... Você sabe que eu te amo e tudo faço para que você seja feliz...

- Amor! `Me ama? ` Tudo! `Eu! ` Feliz!? `Pára lá com essa conversa da treta! Aqui não tem. Por tal: não vem não... Porque, eu: Conheço muito bem as suas ideias.
- Dispensava as coisas, dentro do coração: Crescer como árvore... Num rebate de pura fuga às responsabilidades. Irrompia, como um fogo que se evadia do Seu peito: Impossível de controlar; queimando todo o acuso do chocolate, para tornar os olhos amargos; que se afundam no rosto mascarado pelos trilhos do tempo.
O mesmo, num outro tempo, tivera morrido pobre; ensebado, cheio de parasitas. Tiraram a vida, do seu corpo; para a semear nas palavras, sobre páginas abandonadas: O escritor foi coberto pelo abraço da própria imensidão; aliado há terra que, abriu seus braços e o agasalhou ao desconhecido; que se afastou, para explorar toda a escuridão: Continuando misteriosa, a excomungar a luz da vida.
Durante muitos anos, poucos tiveram a vida. Pois que, vivia enfiado dentro de si próprio e, a vida esperava, vazia de si; dia-a-dia... Até que a noite acordasse longe da rotina; então, era o tempo de voltar de si; secretamente, beijar a vida com toda a imaginação, ou, sismicidade: Abraçava o céu com o olhar e, sem saber, de, o que é que se tratava: O mar ficava bravo: Erguendo vagas crespadas! Como: Braços erguidos, que acatam o murmúrio das lágrimas; que, emocionam o coração, inspirado, na ternura aos olhos agarrada.
Por vezes, arrependia-se de ter nascido; como se, `ele, fosse o culpado; como se: O espírito da luz conspirasse, no escuro, a copulação o empurrasse, há força, para dentro da casca; enganando-o: Que, `ele precisava de partir... Naquela cápsula milagrosa; que, transformava as sobras dos desejos em carne... Florescendo com a vida; como as flores silvestres, que, comem do céu... Vestidas de vento. Mas, nada disso acontecia: Não podia comer o céu! E, muito menos, vestir o vento; que logo se apressava a proibi-lo. - Como poderia ele, ser uma flor? “Num jardim espezinhado pelas biqueiras da ganância! Que se espalha por todas as flores; contaminando o jardim, ocupado, na usurpação que ergueu barreiras de veneno vomitado”.
Tudo começou, com o princípio da aprendizagem dos princípios, obrigatoriamente cruzados. Andava, ainda, dentro da barriga; enquanto esperava a construção do templo; Ouvira-os, do lado de fora, batendo na madeira: Como quem constrói uma muralha. Depois, foi empurrado de um mundo... (Aonde, seu alimento, o céu sustentava; Enquanto, a terra, o acarinhava; com uma vibração doce, de amor forjada;) para um mundo que o obrigou a reclamar; mas, a voz não se formava: Sentia o frio, ou, um arrefecido; que, da sua carne, tenra, leitosa, logo se começara a alimentar. Continuou a reclamar: Atirando para o mundo a primeira vibração; que lhe abriu as goelas e foi explodir dentro do pulmão: Um sopro de vento entrou dentro de si; acomodando-se, numa forma de boas-vindas; obrigando-me a ficar. Experimentou, novamente, o reclamar com toda a gana, quanta, o rebento se fizesse anunciar; como quem diz, muito rapidamente: ‹‹ Volta a pôr-me no mesmo lugar. ›› Mas, o mundo, não o ouviu. Então, como que, soando dentro de si próprio: “ Na palma da minha mão, te dou isto de mim”… - Não podia ver, ainda, mas, logo de início, sintonizara a voz do seu mundo: Doce Rainha, flor Margarida, que lhe anunciara a ternura do seu carinho e, agora, em seus braços balouçava: Enfiou-lhe um seio na boca e, a doce voz, continuou a melodia, como uma carícia de cetim: “Te dou o meu coração: Porque te amo sem fim... ” Parecia que, o templo, não estava completamente construído e, ele, já habitava ali... Mas, primeiro: Veio o vento, que se enfiou dentro de si, mesmo antes que `ele assim o permitisse. Já estava a aprender como se vive; como um tributo ao amor, que, os braços, em suas mãos embalavam. Segundo: Alagaram suas goelas com a seiva da vida: Sentiu-se pronto, logo satisfeito e cansado; que o vento o enchia por dentro e o lambia por fora; como um ar que pertence ali e dali já não se afasta; talvez que, apenas, apaladasse o paladar do fruto... – rebento, verde, continuando com ele na língua; para que, lentamente, consumisse a essência da beleza e a fosse tornando mais bela, bela, bela a amadurecer e mais bela, bela até apodrecer; bela... Bela que, tamanha beleza continuasse bela, mesmo depois de desaparecer; consumida a carne que, a Alma, não pode defender: Que o vento acaba; sela a goela e, ainda agora acabou de nascer... Mas, a qualquer momento a terra pode bocejar e quando a boca fechar: Talvez que `ele já esteja preparado, lambido e usado; que seus membros carregou e aliviou: Oferecendo-se à luz que o obrigou, quando não gostou; para aprender a gostar, enquanto o aprender caminha; que, logo de novo é chamado.
Talvez nem saiba o que veio fazer e, quando voltar, tenha feito tudo errado; então: A luz já não se encontra no final do túnel: O desconhecido procura a vitima, que não é vítima, mas sim, um juízo que pode não ser o final: Uma lâmpada fundida; que, já não vai dar sinal, de absolutamente nada mais; até ao acordar e de novo reclamar; ou, simplesmente, abrir os olhos e esvaíra-se numa exclamação de imagens curiosas; convidando a mais alguma coisa, que respirar, comer e desfezar.
Sempre, depois de cada colherada, algo mais, os olhos, podiam alcançar: Aquele fogo que lambia o fundo da panela... Mexia-se como a merda debaixo de água e vomitava um azul encantado, escorrido pelo laranja, arrancado ao vermelho soprado.
Tudo, os olhos podiam observar; sorria para tudo e tudo não passava do mesmo lugar; ficando ali: Na frente dos seus olhos, chamando, chamando, ameaçando Seus dedos, que, abriam e fechavam sem parar, nas mãos, apontadas, pelos braços, agitados, retesando ansiosos, da fraqueza; que não podiam chegar. O seu mundo, estava por de baixo de si mesmo e, sempre os seus braços para o amparar, ajudando-se: Sabendo, do templo, as primeiras imagens e todos os monumentos que, ali, iriam acampar. Seria aquele mundo, a pedra angular do templo que se erguia no tempo, aonde o sangue circunda seus vasos; até ao jardim iluminado, do mesmo ventre; como uma espada de árvore em seu caminho guardada.
*
O templo ficara incerto; pois que, de repente, desabava sem firmeza de fundações... Não tivera tempo para gatinhar: Olhou os livros, na estante de cristal ornamentado, levantou-se e começou a caminhar: Como quem imita um macaco; ou, então... Braços longos que guardam o chão; que estremece: Impedindo as pernas de caminhar e, de qualquer forma, cair nas mãos do seu mundo; que canta alegria para os trabalhadores das fundações e começa a produzir o primeiro monumento: Forçando a estrutura do templo; que aquele: Seria um lugar adorado.
Aquela força, não parava para descansar: Se as pernas estavam enterradas, então, as mãos, como ramos de árvore... Parecia que o vento penteavam: Querendo agarrar as imagens e guia-las para a boca, comê-las, tirá-las da frente do olhar. Depois, uma palmada e, o ardor primeiro não serviu para reclamar que, quando a vibração acordasse, os olhos já estavam afogados: Fazendo descer as águas em frente de todas as coisas que não podia alcançar. Tudo, logo passaria; que, as leis, da chamada civilização, começaram, também, a cobrar tributos e a juntar todo o tipo de flores no mesmo jardim: Era tempo de aprender: Quando todos eram iguais a `ele, de repente deixaram de o ser: Vestindo um jeito adulto; se escondessem atrás das suas pálpebras; por vezes encontrava os carrascos, de um, ou de outro, que, aprisionaram, os que eram iguais a `ele: Olhava as suas janelas, lá no alto, atrás das grades; podia vê-los chorar sem perceber o que é que lhes acontecia; aqueles eram os seus amigos; com suas crianças esquecidas; antigas... Que, já o eram: Prisioneiras de outros olhares: ocupadas para morrer. Trepava os braços do seu mundo e chorava aquela infinita angústia que, apagava, de todos, o olhar conhecido. Como o escrevia no livro.
Depois, começou a pensar e a encher-se de outras coisas; das quais precisava; para acompanhar o comer e beber e descansar: As tribos formavam-se agrupadas, reunidas e distribuídas, como vozes reservadas; todos perdiam o brilho, montando suas montadas ao vento; sem a despedida que os voltasse a libertar: Talvez, quando encontrassem a muralha que lhes encerra o tempo, voltassem a ser livres e pudessem, de perto, olhar a fantasia do templo em ruínas, enquanto, esperarão o acordar do tempo, dizendo: ‹‹ Quando morreres, vais saber quem sou e enquanto viveres: Como-te; para que não saibas quem posso ser. ›› - Contava com a tempestade; pois que aprendera a pensar e o seu mundo continuava a segurar na sua mão e a empurrá-lo, para o caminho marcado, na esperança de que, amanhã: Todo o templo o observasse e, em si: Se elegesse o iluminado; estrado na meta do sol, que, superando o horizonte: Apaga o negro da estrada que mergulha o vasto aglomerado, desaparecendo pelas entranhas da serra, para emergir vidrada ao Oriente, aonde querubins fecham o rasto da serpente...
O seu mundo era do especial: Tinha olhos castanhos, que, fugiam para o verde: Quando seu fruto ameaçado; que aquela árvore se derrubava lentamente, enquanto na sua frente, se erguia o brilho do seu coração; de uma gratitude oferecida ao olhar; seus lábios, doces, acompanhavam os jeitos de o amar: num seu-eu verdadeiro; das raízes que não têm pressa de entrar no tempo: Viajando, logo em primeiro, viradas para dentro: Subindo e logo descendo, para voltar a subir e descer: “Elevador que transporta a vida e a lava... Despojado pelas janelas do último andar”: Pérolas cristalizadas, que logo choram ao primeiro contacto com o vento; mesmo sem dor, mostrando sofrimento, Lá... Onde, a violência, não chega ao poder de golpear; que se lhe impõe o silêncio; - “pensava ele”, quando se vertera, nas mágoas, das margens da esperança.
Seu território quisera mudar o alcance do Homem igual; agitando o isco... Que, em tais paisagens dormira mesmo antes de nascer; recortando-se-me como fundo da escuridão; para aprender no mundo um brinquedo, ‹ espinho da roseira que o faz sangrar › para aprender a sonhar e acenar o outro lado dos olhos, o branco da paz que encaminha as margens do navegar; aonde o tempo acaba e dali para a frente, só eternidades.
Perdeu-se a miragem e recolheu-se, encolhido no seu silêncio, que o Mundo lhe tenha ensaiado; amolecendo a chegada, que, o malvado do tempo, era aliado do vento, na sua carne, lambendo e comendo: Empunhando a idade, como um brinquedo, que, a criança pode manejar. Assim, os seus olhos ficaram tristes, os cantos caíram e transformou-se numa pedra. Depois, sabia que derreteu: Chorou tanto, tanto... As lágrimas já não o deixavam ver; os olhos rejeitavam o Mundo: Começaram a fechar-se deitando tudo cá para fora: tudo o que se entranharas dentro de si; começara, a retornar ao Mundo; tudo o que, do Mundo absorvera, estava a ser devolvido ao Mundo, na forma de uma água quente, viva; enquanto, seus olhos se fechavam para assistir ao desmoronamento; há batalha: Entre, a matéria, a Alma e todos os espíritos, de todas as coisas; nesta batalha o sangue não se derramava, nem a espada cortava; apenas, inflamava os cornos do animal. O coração acalmou e as paredes da carne latejavam; que, o temporal podia levar tudo, deixando, com ironia, as ruínas...
Aquelas águas traziam-no, balouçavam-no no dorso das ondas, subiam-lhe até há cabeça de uma só vez, enrolavam-lhe nos cabelos, cruzando o rosto e em torno do pescoço; retirava-os, puxava-os e de seguida afundavam-no, levavam-no ao meio e levavam-no ao fundo, bem junto da amargura; mas, `ele esticava os braços, encolhia-se e fechava-se, fazia-se pesado, parado; como os excrementos humanos, descendo as ravinas, a pique, fervilhando as águas; sofregamente; separando-se do vapor que, nos olhos, permitindo que as órbitas gostem dessas fumaças mágicas e chorem a fervura que se junta a elas para dominar...
(- Estava para ficar maluco e, assim, em poucas palavras, morreria ali; naquele instante: Aniquilado pelas próprias emoções e de mim mesmo: Foge a verdade que, a mentira tem perna curta. Aqui deve existir uma barreira: Entre as lágrimas de um e o sorriso do outro, que apetece aplaudir.
As verdadeiras emoções estão nas crianças, que nos fazem lembrar as flores: Trabalhando na magia da luz, que nos abrange, também, copulando a essência do vento: Fazendo, deles, carne e dançar no seu assento: O terceiro elemento: Fotossíntese. Assim, as crianças com o céu: Enocentes.)

Fim

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Monday, December 20, 2010 - 02:34

Ministério da Poesia :

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