De braços dados

De braços dados

A vida não é o contrário da morte
Mas sim o seu meio
A morte não é o contrário da vida
Mas sim o seu cume

Injeto agora em minhas veias
Finas de esperanças e tristezas tenras
Um líquido que me fará perecer tão brevemente
Quanto os aplausos de um espetáculo medíocre

Tal substância, chamo-a de vida
Que livra a matéria da calamidade opressora da eternidade
Conferindo-me um ponto final ao bem e ao mal, ao sim e ao não
Encerrando o princípio da morte enquanto fim
E da vida enquanto meio
Desafiando certezas e constatações

Pois injeto meio litro para que não haja erro
Preciso certificar-me que tal excesso será letal
E concluir que as experiências de vida e morte
São ambiguamente similares
Posto que são riscos inevitavelmente fatais

Bernardo Almeida

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Monday, February 28, 2011 - 01:38

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Bernardo Almeida

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