CONCURSOS:
Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia? Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.
À noite no mesmo bar
Era inverno
À vários dias que já ameaçava chover
O nevoeiro confundia-se com o fumo dos escapes
Via-se a luz desfocada dos candeeiros
O brilho do ecrã de telemóvel
De uma puta da Rua Camões
E ouvia-se em todo o lado
Uma mulher louca aos berros
Vocês sabem, com aquela voz grossa de aguardente bagaceira
-Ei puta, vai trabalhar minha vaca,
Depois não queres levar no focinho.
Zeca tinha acabado de conhecer uma mulher
E minha nossa!
Ela era mesmo incrível
De sorriso bem torneado
Um par de mamas de bradar aos céus
Saltavam sempre para fora do casaco
Enfim…
Zeca cometera o erro de se apaixonar
E já nada havia a fazer.
Os dias foram passando
Lentamente felizes como nunca antes
Assim parecia aos olhos de Zeca
Que gostava de beber em excesso
Perdia-se em apartamentos de putas
A sua casa praticamente eram os bares e cafés
Onde se sentava a beber uma cerveja
Tudo corria bem
As saídas à noite com aquela miúda
Poucas mas suficientes
Para tornar cada momento único
As palavras entendiam-se
Tudo se espalhava como água cristalina
Ao longo de um ribeiro
Desbravando a virgindade dos campos
E por instantes
Parecia existir uma sensação
De que haveria bondade neste mundo
Como são fracos aqueles que amam
Com o coração
Nada entendem do que se passa em volta
E um beijo pode ser fatal
Para alimentar essa ideia ilusória
E quando damos conta
Encontramo-nos como um cadáver esquecido
Numa vala coberta de esgoto
Foi isso que aconteceu com Zeca
Foi isso que ele ganhou
Quando confiou a sua alma
Aquela mulher
Antes a tivesse vendido ao Diabo
Tudo acabou com a busca de respostas
Cada dia uma tortura constante
Cada minuto em reflexão do erro cometido
Talvez não fosse bom o suficiente
As pessoas que abominam a solidão
Buscam um egoísta convívio
E um relacionamento sério
Isso Zeca não podia oferecer
Afinal tinha começado a chover
Pequenas mas grossas gotas de chuva irritante
Entrou para um bar numa noite de feriado carnavalesco
O mesmo que tudo iniciara e tudo destruíra
Como de costume pediu um shot de whiskey
Esvaziou mais de meia garrafa de Red Label
Fumou um maço
E saiu lentamente pela porta de madeira
Que ao abrir fez um chiar que se ouviu
Pela rua solitária e húmida
Pensou para si próprio
Apertou os botões do casaco castanho
Já meio surrão
E disse
-Até amanhã, à noite no mesmo bar.
E assim se despediu de si mesmo.
Submited by
Poesia :
- Se logue para poder enviar comentários
- 645 leituras
other contents of jgff
Tópico | Título | Respostas | Views | Last Post | Língua | |
---|---|---|---|---|---|---|
Fotos/ - | 1827 | 0 | 503 | 11/24/2010 - 00:40 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A morte de uma paixão | 0 | 741 | 03/28/2011 - 18:49 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | À noite no mesmo bar | 0 | 645 | 03/28/2011 - 18:42 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A procura da resposta pela dor | 0 | 701 | 03/30/2011 - 19:12 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A taberna | 0 | 836 | 03/28/2011 - 18:45 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | A vida é uma arte cruel | 0 | 735 | 03/30/2011 - 19:56 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Banco de jardim | 0 | 1.226 | 03/28/2011 - 18:43 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Compreensão | 0 | 922 | 03/30/2011 - 18:27 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Escolha | 0 | 893 | 03/30/2011 - 18:42 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Fumo os meu cigarros | 0 | 888 | 03/28/2011 - 18:52 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Gaivotas | 0 | 1.150 | 03/28/2011 - 21:00 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Gozar a morte | 0 | 861 | 03/28/2011 - 20:46 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | História sobre pétalas e uma ponte | 0 | 764 | 03/30/2011 - 18:36 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Imagina-se, depois pensa-se em entrar | 0 | 600 | 12/18/2012 - 21:33 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Levanta-se | 0 | 398 | 03/28/2011 - 18:42 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Manhã | 1 | 823 | 03/31/2011 - 02:31 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Memória | 0 | 785 | 03/28/2011 - 20:50 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Nada se encontra | 0 | 696 | 03/30/2011 - 19:15 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Não se encontra a resposta que procuramos | 0 | 899 | 03/28/2011 - 18:50 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O beijo num bar | 0 | 409 | 03/28/2011 - 18:36 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O dia nasceu chuvoso | 0 | 917 | 03/28/2011 - 18:46 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O passo | 0 | 768 | 03/28/2011 - 18:44 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O sono do pensar | 0 | 767 | 03/30/2011 - 19:19 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | O sossego das palavras | 0 | 676 | 03/30/2011 - 18:47 | Português | |
Poesia/Arquivo de textos | Olhar o spleen de Candido dos Reis | 0 | 852 | 03/30/2011 - 19:32 | Português |
Add comment