Van Gogh

Nos lábios,
o cachimbo.
Dentes amarelados,
bafo de absinto.
Macacão respingado.
Riso desvanecido.

Literalmente,
um Ícaro caído...
Na sifilização das querelas
difundida em croquis
e edificando asas de aquarelas.

Vaguei à destilar
a imaturidade do sonho
longíquo.
Indisposto
a abraçar
apenas o tangível.
Ainda que tivesse
de assinar
reconhecimento postumo,
com o expressionismo
contido em meus pontilhismos.
Ah, eu sou o ópio
renascendo do lirismo!

E tão cômico,
esse dissonante-harmônico.
Que varia,
de azuis feéricos
a amarelos fulgurantes.
Verde estéril,
vermelho bruxuleante;
Espremendo critérios
muito além da retina.
Já que o pincel,
passara a ser minha liturgia.

Fizera
da minha vida também,
um quadro
inacabado
de Dorian Grey.
E, esta obra só teve sentido,
quando cometi suicídio,
como forma de altruísmo.
Vi meu flashback antológico,
convertendo-se
em espasmo pictórico.

E na lápide,
restara apenas um epitáfio,
escrito à guache:

"La tristesse durera toujours"

Bruno Sanctus.