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Dias de Azar IV

Quando o INEM chega, o médico examina Marisa, imediatamente espeta-lhe uma agulha para a estabilizar. Renato, começou a sentir medo de a perder para sempre, por isso enquanto se dirigia para o hospital tomou a decisão de a pedir em casamento, nada nem ninguém o poderia impedir de o fazer.
Quando chega ao hospital, já se encontrava à porta Ana aflita talvez. Leva-a imediatamente para a sala de reanimação, mas nada dava certo, Ana começa também a entrar em pânico, nunca na sua curta carreira de sucesso lhe tinha acontecido aquilo. Não deixaria que Marisa fosse a primeira a morrer sem que ela conseguisse fazer alguma coisa.
Renato, liga a medo para os pais dela, diz-lhes que estava na faculdade quando Marisa lhe caiu nos braços sem explicação. Os pais ficam em pânico, mas não se poderiam dirigir ao hospital, encontravam-se a trabalhar. No entanto pedem-lhe que ele os vá informando sobre o estado de saúde da filha. Passados alguns minutos é a irmã de Marisa que liga Renato queria saber como estava a irmã. Marina, estava nos Estados Unidos com o marido, António. Tinham partido à aventura, tentando a sorte:
- Renato, eu e o António vamos apanhar o avião das 11h, portanto o mais tardar 0h15 estamos aí no hospital contigo, já que os meus pais não podem. – Marina estava realmente em pânico, não via a sua irmã à 2 anos, e não podia desperdiçar a oportunidade de lhe dizer o quanto gostava dela.
- Ok! Ainda não sabemos nada! Vocês têm quem vos vá buscar? - Renato caminhava lentamente na sala de espera, as lágrimas saiam-lhe sem qualquer controlo, seria o último dia que iria ver o sorriso da sua amada? Nem ele sabia muito bem
- Nós alugamos um carro e vamos aí ter, não te preocupes! Já tens muito em que pensar. – desliga o telefonema, o seu telemóvel parecia uma central telefónica, mal acabava de desligar uma chamada, já tinha outra. Todos os seus amigos ligavam para saber, alguns diziam-lhe que já se estavam a dirigir para o hospital. Passados largos minutos, a sala de espera que outrora estava vazia, estava repleta de gente preocupada com Marisa, uns choravam, outros oravam a Deus e outros conversavam sobre a possível causa daquele desmaio.
Três horas após dar entrada no hospital, a médica, Ana Castro, entra na sala de espera, pede a Renato que a acompanhe, já que este é a pessoa mais próxima de Marisa. Diz-lhe que Marisa está estabilizada, mas o seu estado de saúde piorará bastante, sendo quase improvável viver muito mais de 2 anos. Renato sentia-se completamente derrotado, sem pensar muito pergunta:
- Não há um tratamento que a ajude? - Ana olha-o nos olhos, vê no castanho avelã o desespero. Na verdade Renato não se imaginava sem Marisa. Ana começa a chorar, era obvio que também ela não sabia o que fazer:
- Penso que não haja grande coisa a fazer, ela piorou bastante, e ainda não conseguimos perceber como piorou. – nem a própria medica sabia como informa-lo de tudo o que os exames tinham revelado. Era inevitável que já não haviam possíveis soluções para a sobrevivência de Marisa. Renato não queria de forma alguma destabilizar Marisa, por isso perguntou a Ana se poderia pedia-la em casamento e casar. Ana sorriu, disse-lhe que poderia faze-lo desde que não despertasse grandes emoções na sua amada, já que esta não poderia ter grandes mudanças de humor.
Renato corre até à ourivesaria mais próxima, compra o anel mais bonito que existia na loja, o dinheiro não era naquele momento entrave para a pedir em casamento. O tempo ia-se esgotando, não haviam certezas do tempo certo que Marisa poderia viver. Chega ao hospital exausto, os pais já lá estavam. A mãe fica perplexa a olhar para ele:
- Onde foste Renato?
- Fui comprar um anel para pedir a Marisa em casamento! Não aguentava vê-la deitada num quarto de hospital e pensar que poderiam ser os últimos momentos ao lado dela.
-Comprar um anel de noivado? – a expressão facial da mãe alterava-se, estava sem querer furiosa com a atitude que o jovem Renato tomou, sem dar conhecimento a ninguem.
- Sim mãe, ouviste bem. Não sei quanto tempo tenho mais com ela ao meu lado, por isso quero que toda a gente saiba que ela é a mulher da minha vida e que é com ela que quero casar. – apesar de perceber o desespero do seu filho, não entendia o porquê de ter que casar com ela. No meio de toda esta discussão chega a correr desesperadamente Carina, soubera que o estado da sua melhor amiga se agravara. Tiago ligara-lhe a avisa-la que Marisa tinha desmaiado na faculdade e que estava pior. Carina tentou múltiplas vezes ligar a Renato enquanto conduzia o seu peugeot. Renato nunca atendera para grande desespero de Carina. Esta saíra da faculdade a correr para conseguir chegar rapidamente a Viseu.
Ana dá-lhe autorização para entrar na enfermaria, Marisa encontrava ensonada mas consciente. Renato tremia por todos os lados, era evidente que os nervos estavam à flor da pele:
- Meu amor, estamos juntos à 2 anos, desde o primeiro dia que me tornaste num ser humano melhor, que me encantaste com essa tua simplicidade de menina/mulher que luta por tudo aquilo que quer na vida. É bom estar do teu lado, sentir a tua respiração e o teu corpo. É tão bom ouvir a tua voz pela manha, saber que sabes sorrir à vida e que acima de tudo, apagas os teus problemas para ajudares os outros, sim és um ser humano perfeito, não vale a pena procurar possíveis defeitos em ti, porque que eles mal existem, apenas tens um grave: és teimosa, mas isso acho que todos somos. Existem inúmeros adjectivos que te poderiam qualificar, mas acho que aquele que melhor se adequa é: lutadora, meu anjo toda a vida lutaste pelo que querias, sempre enfrentaste tudo e todos para conseguires atingir os teus objectivos. É só mais uma qualidade que tens e que me causa admiração. É por estes maravilhosos 2 anos e por os mais que aí viram, que te quero perguntar: queres casar comigo? – o sorriso dela abria-se lentamente, era obvio que casaria com ele, mas decidiu deixar um certo suspance no ar. Durante alguns minutos permaneceu calada, como se estivesse a pensar se queria casar com ele:
- Sim! Quero ser tua mulher até ao fim dos meus dias. – estava feito. Agora era só marcar o dia e preparar tudo, para que aquele dia fosse memorável. Não tardou muito a serem felicitados e alvo de um pouco de brincadeira por parte dos amigos. Parecia estar mesmo bem, o pior era o que se passava naquele corpo, era impossível à primeira vista ver o sofrimento que Marisa tinha, devido à doença. Durante meses ignorou as dores de cabeça, apesar Renato lhe dizer que esta deveria ir ao médico. Marisa era uma daquelas típicas pessoas que não gostam de ir ao médico, porque não suportam a ideia de estarem a ser constantemente medicadas. Vivia uma vida descontraída, ao contrario dos pais que viviam o dia-a-dia agonizados por não a terem em casa, eram os típicos pais galinha que durante muitos anos protegeram a sua filha para que esta não sofresse nas mãos das pessoas. Marisa tinha uma aparência esguia, olhos castanhos claros, cabelo liso e um sorriso que contagiava todos os que estavam à sua volta, era conhecida como um furacão, mas na verdade era uma miúda frágil, incapaz de fazer mal a seja quem fosse. Durante anos, criou laços com pessoas que mais tarde se revelaram tudo menos doces para ela, digamos que criou muitas rivalidades devido a sua beleza interior. Naquele dia Marisa só poderia receber mais uma visita, já era tarde e Marisa encontrava-se bastante fraca. Carina entrou enfermaria dentro, perguntando-lhe:
- Então sis, estás bem? – Marisa olha para ela e sorri, com uma voz bastante fraca e baixa esta responde:
- Sim! E tu?
- Estou bem, vê-la se te pões boa, porque dia 4, vais jantar a minha casa! – Marisa sorri-lhe, sabia perfeitamente que Carina e Ricardo fariam 3 anos de namoro naquele dia, mas preferiu brincar um pouco com a situação:
- Porquê? Alguém faz anos? – Carina começa a pensar que a sua melhor amiga perdera a memoria, quando vai para relembrar o que se festejava naquela data, Marisa interrompe-a:
- Eu sei que é um dia especial para ti e para o Ricardo. Se já puder sair do hospital, prometo-te que lá compareço e já quase casada, vais ver – naquele dia Marisa encontrava-se mais feliz que nunca, iria casar e ser feliz com a pessoa que a apoiara sempre, apesar de por vezes contrariado. Continuaram a conversar animadamente, até que Ana interrompeu a conversa, já era hora de Carina abandonar a enfermaria e talvez ir para casa. Tinha sido um dia esgotante para ela.
Passavam 10 minutos da 0h15 quando Marina liga a Renato:
- Chegamos, será que podes vir ter connosco, porque não conhecemos nada aqui? – Renato saiu a correr do edifício, foi busca-los. Pelo caminho Marina, pergunta:
- Já sabes alguma coisa?
- Não. A médica apenas me disse que ela piorou bastante e que possivelmente não sobreviverá muito tempo. Por isso pedia-a em casamento e casaremos o mais rápido possível!
- Really? My sister married?
- Really! It surprises you that much? – Renato adorava línguas apesar de não ter seguido um curso propriamente ligado às línguas, todos os dias deparava-se com anglicanismos e francesismos no seu curso. Era a 2º vez que estava com Marina, já que esta partira para os Estados Unidos, poucos meses depois de Renato começar a namorar com Marisa.
- I am surprised, she always said that marriage was an option for freaks! Desculpa falar em inglês, mas depois de uma serie de anos sempre a falar inglês, acaba-se por ganhar a pratica e é complicado deixar. – Renato sorriu, para ele o inglês não era o maior problema. Quando entram no edifício Marina olha em volta, nos Estados Unidos os hospitais eram quase todos privados e tinham melhores condições nas salas de espera.
Os dias passaram rapidamente, durante os poucos dias que ainda faltavam para o casamento, Marina esteve com a irmã, tentando matar saudades dos tempos em que passavam quase 24 horas juntas. O dia 4 de Agosto chegara, era o dia da celebração de 3 anos de namoro de Carina e Ricardo. Marisa vestira uns jeans e um top de alças, notava-se perfeitamente que estava mais magra, apesar de muito pouca gente dize-lo, Marisa sabia-o e não conseguia esconder. Encontrava-se ao espelho a acabar de maquilhar-se quando o seu telemóvel toca, era Renato, acabava de chegar de casa dos pais. Marisa desceu rapidamente as escadas, calçava uns sapatos de tacão, extremamente finos, que evidenciavam ainda mais a magreza extrema dela. Em pouco mais de 10 minutos chegavam a casa de Carina, tocaram a campainha, à porta veio a mãe de Carina, Maria, uma senhora de cabelos e olhos claros, simpatiquíssima e que gostava imenso de Marisa:
- Olá! Estás boa?
- Sim dona Maria, é um prazer vê-la! – só depois de algum tempo é que Maria dá conta que Renato está ali também, cumprimenta-o, mas fica pasmada a olhar para ele, talvez tentando decifrar a marca do perfume dele. Do fundo corredor, ouve-se a voz de Carina:
- Anda-me ajudar a apertar o vestido! – Marisa apresa-se a ir ao quarto. Entra no quarto, o vestido preto com uma tira vermelha transparente mostrando ligeiramente o umbigo, que ambas escolheram para aquele dia, ficava-lhe bastante bem.
- O Ricky já te viu? – era uma observação estúpida, mas Marisa teria que ter a certeza que aquele vestido era surpresa para todos.

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terça-feira, julho 20, 2010 - 12:16

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lau_almeida

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Re: Dias de Azar IV

Grande em tamanho, grande em intensidade dramática, mas sempre um capitulo muito bem escrito, muito bem alicerçado, a puxar pelo impacto viusal da seringa (brrr), discorrendo pela tragédia de anel de noivado...Muito bom.

Fácil de ler e tal só é possivel pela tua prosa cuidada,

Sem duvida um romance interessante!

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Re: Dias de Azar IV

Obrigada :)

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