NOS TEUS OLHOS ME LIBERTO

O teu olhar é um silêncio de palavras
que em vaidade brilham nos meus olhos.
Um sol-pôr como exorcismo do jejum da alma.

Quando me olhas, desces
sobre mim a tua majestade interior.
Multiplicas-me a felicidade prolongando
a certeza deste amor como um mar imenso em nós.

Calo-me à voz do teu olhar,
eles falam o sol como muralhas de amor.
Sopram ventos que me prendem à tua natureza.

São teus olhos o alimento
para a carne do meu pensamento.
O pão para o dia-a-dia da minha ufania.

Teus olhos nos meus olhos
são como lábios nos lábios em devaneio.
São como um espírito contido no meu corpo.

Nos teus olhos me liberto,
neles acerto o passo aos meus sentimentos.
Se o meu lugar tem lugar, é na verdade do teu olhar.

São eles a estrada por onde vou.
O ar por onde voo sem asas, sem medo.
São a casa da minha poesia, o ventre do meu desejo.

Ternos, teus olhos
são lã doce onde o meu coração faz ninho.
Mais fortes do que os braços de mil guerreiros.

É olhar-te o fogo
que acende a pólvora desta paixão.
O acto que exalta o luar da lua alta de amar.

São eles a água da minha sede.
A bonança na tempestade de saudade.
São a proa do meu ser como cisne num lago calmo.

Em ti…