Porta-voz

Um poema se perdeu
Foi, com ele, abafada
Minha voz sumindo abatida

Um poema se perdeu
Preso na trivialidade das linhas
Levou, com ele, embora
A alegria a transbordar nas entrelinhas

O poema foi embora, fugiu.
Evaporou-se na ausência do idílio
Sumiu na profundeza da inconsciência
Enfadado da consciência desse mundo frio

O poema foi embora, sumiu
Deixou-me na realidade palpável
Só me restando, por fim, agora
O brilho triste do olhar lacrimejado

(...)

Quando o poema foi embora
Arrancou meu sorriso vadio
Fiquei assim desamparado
Ninguém viu e nem ouviu
Ficou o silêncio do papel
Mas fui eu quem ficou calado