PAULA

Paula

Eu conheci a Paula com os seus olhos brilhantes e negros,

Que parecia não transparecer quaisquer medos,

Era irreverente, alegre, brincalhona e tanto falava,

E eu ouvia, ria, e com as suas palavras brincava,

Muitos anos passaram e agora tornámo-nos a ver,

Com os seus cabelos grisalhos parecia não a conhecer.

Quando ela falou foi mais pelas palavras que a reconheci,

E fiquei tão pensativo quando surgiu diante de mim,

Misturei a alegria com o tempo que já passou,

E ao mesmo tempo, a minha mente logo pensou:

Meu Deus, como tempo é implacável à sua passagem,

E ao longo do seu caminho nos muda a nossa imagem.

A Paula, quando nos conhecemos, admirei a sua juventude,

Usava as palavras rindo com a sua irrequietude,

Contagiava com o seu sorriso toda a gente à sua volta,

Naquele tempo que já passou e que agora já não volta,

Mas continua muito faladora mas a alegria vai perdendo,

Com as vicissitudes da sua vida ela agora vai vivendo.

Ainda noto nos seus olhos tanta vontade de viver,

Mas também noto alguma tristeza que tenta esconder,

Conversámos muito, falando de coisas que agora fazemos,

Para passar o tempo que agora usamos e vivemos,

E olhando olhos nos olhos falámos de coisas que pensamos,

E até do tempo que já passou e que agora recordamos.

A Paula, é franca, é uma amiga frontal e verdadeira,

Que se gosta tanto de ter para a nossa vida inteira,

Por isso, pedi-lhe que mais vezes nos voltássemos a ver,

Porque o tempo passa tão veloz sem a gente se aperceber,

E se não o vivermos são pedaços de vida que voam com o vento,

E apenas ficam prisioneiros do nosso pensamento.

Olha Paula, a vida é sempre tão linda e tão bela,

Devemos aproveita olhar o céu azul, vale a pena vivê-la,

Está nas nossas mãos e no nosso modo de pensar,

Que o passado passou para sofrer não vale a pena recordar,

É vivendo o presente, o dia a dia, o futuro se desconhece,

Não podemos queimar o tempo, é vivendo-o que acontece.

Tavira, 20 de Janeiro de 2012 - Estêvão