LÍNGUAS NOVAS

Estou a pensar que as línguas
Não se devem tornar ínsuas,
Pois ao avolumarem a discrepância
Terão talvez que viver de mínguas.

E de como a distância,
Hoje em dia, com a tecnologia,
Encorpa a ligação entre povos,
Exalta a junção da grafia.

Se nos mantivermos coesos,
Os velhos seguindo os novos,
Haverá muitas línguas a compor,
Da nossa não podemos ser servos.

Abrilhantando-as com alguma cor,
Tinta de Malangatana ou Santa Rita Pintor,
Juntamos português, aramaico e suaíli,
Cria-se nova escrita para qualquer escritor.

Chegamos num instante ao Burundi,
A Cuba, onde Hemingway tomou daiquiri.
Podem ler-se grandes escritores,
Ouvir música deste site ou de outro ali.

Porém, os verdadeiros construtores,
Não são somente os criadores.
Os que traçam a traça da escrita
Somos nós todos, meus senhores.