Pasto de ferro

Já acordo e não ouço passos a quatro.
Sinto o vento desorientado,
E há demasiadas folhas no chão.

Desviam-se já no horizonte
Os alces ramificados do meu sustento,
Que ficarão bem secos antes do nosso Outono.

Decidi subir a norte até ao morro das cerejas.
Reparei na sede do milhal
E nas tocas vazias...

Incham-se-me as veias batida a batida,
Porque me aterrorizo com o que vejo!
Com o ferro que me cerca o paraíso!

Já acordo e não sei do meu espelho de beber.
Não uivo ao gato-bravo
E já nem me uiva o mocho vizinho...

Já me tinham falado a palavra pesadelo.
Afinal é isto:
O cerco de ferro que me acossa.

Quero escapar do mostrengo citadino.
Mas é mais forte do que a minha genica,
Destrói-me as herdades e planta quarteirões!

Achei um cantinho...
Na tal gruta com porta de azevinho...
E tento resfolegar a minha fugida.

Mas pouco assiste a vontade do meu ideal,
Porque os bichos grandes não temem a falta de ar!
E tramam o inferno que incendiará este meu vale....

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Thursday, March 25, 2010 - 22:51

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EliasFreitas

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Re: Pasto de ferro

Bem escrito e inspirado, gostei!!! :-)

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