A poesia está morta
Flashes na noite...
Trovoadas estraçalhadas no meio da tempestade
Papoulas dançam!
Freneticamente
Indubitavelmente
Delirantemente...
Um colar brilha o reflexo dos olhos verdes
Um sorriso
Um brinco esmeralda
Uma pele morena queimada pelo sol
No contraste dos cabelos negros.
Luta o gladiador das arenas!
Intempérie dos lábios como oferenda...
Ofereça-se a mim...
Sobre o lençol lilás
No contato errôneo
Dos corpos entrelaçados.
Correnteza de clorofórmio
Goteiras perturbantes a um canto da porta
Fonte de telhas
Indústria de dores.
Eclipses de frenesi
Deuses invisíveis
Brasões jogados ao mar
Nau levantando ferro
Cena fantasmagórica.
Imagem pétrea defronte
Mãos e olhares esguios
Quadros de ponta-cabeça
Espadas num brilho triste.
Fotografias abarrotadas.
Oceanos de inveja
Oceanos de desilusão.
Ondas de fúria
E de raiva
Ondas do querer
E do não querer.
Maré da ação...
Sal na saliva da boca
Sangue entre os dentes.
Um corpo misturado à praia e ao ar
Um corpo misturado com água e areia.
Um rastro vermelho visto ao longo da costa
Um sol vermelho perdendo a batalha das seis.
E, para cessar os versos que não conheço
Procuro o deleite em suas mãos,
Estou perdido e reconheço
A falta do afago na trôpega solidão.
Desmaio para não voltar
Para não voltar a te perder,
Prefiro parado aqui ficar
Até meu corpo desfalecer.
Se está morta a poesia,
Então com ela estou morto.
Iço a âncora de meu barco
E me despeço deste porto.
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Poesia :
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Comments
Re: A poesia está morta
Contigo a escrevê-la ela não morrerá, antes sobreviverá às intempéries e renascerá mais bela e forte do que nunca, para que através dela nos possamos encontrar e deliberar sobre todos os versos que cairam por terra, sobre todas as palavras que ficaram por dizer, sobre todas as sílabas que ficaram para trás sem lhes podermos valer.
Serás sempre um mar de palavras, feitas travesseiros, para que nossos sonhos se realizem e que todos eles, sejam dignos de nos ouvirem em uníssono, e criando iremos acontecendo.
Sempre um prazer poder ler-te e poder dizer-te que te adoro através do que me dás a ler. Não tenho receio de me "desmistificar" lembrando que o mundo só é mundo, enquanto houver pessoas que assim escrevendo, dirão a todos como sair de um buraco, que por lá estar nos fez cair, mas que também nos fará passar ao lado depois de por lá termos caído muitas e muitas vezes
Beijo
Dolores Marques
Re: A poesia está morta
Intenso, imenso, o leitor fica preso às tuas palavras quase sem respirar! Gostei bastante do carrossel de sensações e visualizações q despertaste em mim Alcantra!
Beijinho grande em ti!
Inês