NADA

Sou fera de feridas vadias,
o meu próprio mal menor enquanto cobarde.

Fujo à pele de um fogo
tatuado com chamas sedentes
pelo sabor da minha carne crua.

Diante o mundo acordado
sou manjar ensanguentado de choro fútil.
Sugo da minha língua
o paladar das palavras aterrorizadas.

Sou gelo de água estragada pelo pavor,
patente no meu olhar assassino,
na cor cansada dos meus olhos
adoecem as serpentes
das memórias envenenadas,
recordações à espreita hesitantes
na sombra de um monstro
que afia o gume cintilante da minha raiva.

Sinto,
um breve infinito que espalha a desordem
na minha perseguição sem tréguas
aos momentos da verdade que faltam,
à minha identidade.

Sem perder a esperança
vestida com estilo gótico em tecidos vagos,
sou desmaio que forra a essência
da minha confusão,
agendando riscos de unha negra
mano a mano com o destino ainda por somar,
ao total da minha dor
que o corpo não sente mas que seca.

Toda a minha fé que resta,
é um telhado corroído pela tristeza
que se arrasta no vento feroz
da minha garganta.

O corrente que me prende ao nada
chama-se pena própria
que dança nas minhas mãos esquecidas,
por outras mãos.

Submited by

Wednesday, October 1, 2008 - 21:34

Poesia :

No votes yet

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 10 years 44 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Comments

KeilaPatricia's picture

Ficou muito bom... Gostei

Ficou muito bom...

Gostei bastante.

Abraço, ...)...(@

:)

zizo's picture

Re: NADA

A pena a pagar é por vezes cruel demais para nos aguentarmos de pé mas a fé move montanhas.:-)
Portanto, sempre com a esperança no auge o nada pode ser tudo.
Grande poema!
Abraço

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Prosas/Others PELO CAMINHO DA EVIDÊNCIA 0 6.386 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others PROVA DE PRESENÇA 0 6.364 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others ECO DO LAMENTO 0 8.349 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others BILHETE DE IDENTIDADE 0 7.441 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others POR TUDO QUE AINDA TENHO POR TER 0 6.556 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others BEM-FAZER 0 10.638 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others FAZER AMOR É EMOÇÃO ADULTA 0 11.739 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others MARULHAR PRESO NAS FLORES DO CAMPO 0 7.515 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others MAS SOU HOMEM! 0 7.308 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others INTRADUZÍVEL 0 6.137 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others AMIGOS 0 11.305 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others SILÊNCIO VIVO 0 8.238 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Prosas/Others AMAR SEM MEDO 0 11.829 11/18/2010 - 22:38 Portuguese
Poesia/Thoughts CARDUME LETÁRGICO 0 5.573 11/18/2010 - 15:21 Portuguese
Poesia/Thoughts PIANO DA ALMA 0 1.906 11/18/2010 - 15:21 Portuguese
Poesia/Love NEM O INFINITO É TÃO LONGO 0 1.012 11/18/2010 - 15:20 Portuguese
Poesia/Fantasy PHANTOM OF OCEAN SORROW 0 7.787 11/18/2010 - 15:17 Portuguese
Poesia/Love EVERYTHING IS NOTHING 0 6.131 11/18/2010 - 15:17 Portuguese
Poesia/Gothic OLHAR DESAPARAFUSADO 0 2.481 11/18/2010 - 15:15 Portuguese
Poesia/Love SAUDADE 0 1.622 11/17/2010 - 22:20 Portuguese
Poesia/Love UM MÊS E TRES DIAS DEPOIS DO S. VALENTIM 0 5.571 11/17/2010 - 22:17 Portuguese
Poesia/Meditation RESTAURO DA ALMA 0 3.985 11/17/2010 - 22:15 Portuguese
Poesia/Meditation RISO DA MEMÓRIA AO SORRISO DA CORAGEM 0 4.277 11/17/2010 - 22:15 Portuguese
Poesia/Love LUME NU DOS DESEJOS 0 3.330 11/17/2010 - 22:14 Portuguese
Poesia/Love O AMOR ENCONTROU-ME 0 4.756 11/17/2010 - 22:14 Portuguese