Um fado cantado

Paredes chorosas,
Das casas do Porto,
Nas janelas,
Rugas rubras,
Em rostos esquecidos.

Ruas onde o lamento,
Se perdeu,
Margens que viram sorrir,
Crianças a mergulhar,
Margens que abraçaram,
A formosura das mulheres,
Carregando cestas de uvas,
Margens que se rebentam em lágrimas,
Capitães a fumar cachimbo,
E um nevoeiro sobre as caves,
Para terminar um conto,
Que se ouviu numa taberna,
Em Matosinhos,
Diante da meia dúzia de jarros,
Em barro, vazios,
E em volta só restava o fumo.