CONCURSOS:

Edite o seu Livro! A corpos editora edita todos os géneros literários. Clique aqui.
Quer editar o seu livro de Poesia?  Clique aqui.
Procuram-se modelos para as nossas capas! Clique aqui.
Procuram-se atores e atrizes! Clique aqui.

 

Aos senhores da guerra

Vou cavalgando num branco corcel
Através dos campos de batalha,
Arrasto-me por entre a gentalha
Cujos corpos derramam sangue e fel;

Caem no chão por uma guerra
Que não é a sua, mas não o sabem!
E, na ignorância, combatem,
Conquistam uma qualquer vil serra.

Pisam, calcam os corpos caídos
Dos seus irmãos d’armas; ‘smigalham
Um crânio co’as botas; avançam
Continuando assim, perdidos,

Vagueando por entre os crâneos
De companheiros e inimigos,
Cujas almas procuram jazigos
P’ra enterrar os entes corpóreos,

P’ra descançarem finalmente em paz;
E ru vou cavalgando por entre eles,
Vou vendo suas sangrentas peles
Querendo ajuda que eu, incapaz,

Não posso dar. Fujo com medo.
Passo por todos os continentes
Vendo somente as almas sofrentes
E o sangue ‘scorrendo p’los penedos…

Vagueando vou até Africa,
A negra terra. E o que vejo?
Toda aquela terra tão rica,
A vida a apagar-se co’o desejo

De ser o mais valente, mais forte
Ou mais corajosa, que o irmão.
E assim, seguindo Deus Mavorte,
Matam-se co’uma e outra mão,

Matam criancinhas, inocentes,
Que quer à lei da bala, quer da fome,
Deixam os seus corpóreos entes,
Deixando a forte dor que os consome.

Fujo! Cruzo o mar, vou p’ra Europa
E só vejo batalhas mesquinhas;
Uma obrigatória tropa;
Princesas presas por más rainhas;

Uma união que só desune;
Políticos com muita garganta,
E uma injustiça que é tanta
Que o que é desunido, ela une.

Vejo também nações em guerra,
Nações que sempre viveram em paz,
Mas hoje, o pai, os filhos enterra
Com suas mãos, não tendo pás,

Pois o metal foi requisitado
Para alimentar torpes vícios,
Fazer humanos sacrifícios
Chacinar quem sempre doseu lado

Viveu… Atravesso os brancos Urais
Entro na grande Ásia gélida,
Onde co’uma revolta fingida,
Morrem homens como vis animais.

Vejo políticos agarrados
A um passado já bem distante.
Observo que, a cada instante,
Há mais inocentes esmagados

Pelas lagartas da opressão.
Escuto o grito dos inocentes;
O arrastar mudo das correntes;
O estalar dos ossos no chão…

Oiço ao longe um ilusório
Discurso dum qualquer politico,
Palavras co’um sentido cínico:
Qual o sentido do velório

Do assassinato dos mártires,
Enquanto comem caviar puro
E bebem num, feito d’ouro, pires;
Falam dum ocidental murmuro,

Influências vis, sem sentido;
Que o povo é pobre, e eles também,
Que ninguém tem nada, nem um vintém,
Fazem ‘ntão o devasso pedido

De mais dinheiro – que lhes é dado!
Não podendo ver mais magoas,
Lanço-me àquelas azuis águas
E até à Austrália nado.

Lá vejo uma cínica gente
Com cifrões no lugar dos olhos;
Quer nos bolsos moeda aos molhos,
Não vendo o vizinho sofrente,

Um povo que uma ditadura,
Um regime mais que fascista,
Chacina a resistência cristã
Que ainda resiste sob a verdura.

Parto num avião p’ra América
Onde outra união de países,
De todas a mais podre e cínica,
Queima a copa e rega as raízes

Dos mundanos problemas, pensando
Que assim tapam as nossas visões,
As encerram em negros caixões,
Onde aos poucos vão enterrando

A esperança, a doce esperança,
Dum ouro mundo; dum mundo melhor,
Onde a guerra, esse grande terror,
Não seja a única dança

Que os grandes senhores da nossa terra
Sabem dançar. Esta é a guerra
Para onde vou co’o meu branco corcel,
Matando as palavras feitas de fel.

E meu braço branda apenas uma cruz,
Não uma ‘spada. Venham seguir-me
P’ro eterno reino feito de luz
Venham sem medo. Venham seguir-me.

Venham combater outro combate
Pelos que sem culpa são mortos,
Como animais postos no abate.
Venham, partam de todos os portos,


De todas as terras. Venham todos.
Deponham as armas, na cruz peguem!
Combatam a guerra com bons modos:
Deponham as armas, na cruz peguem!

08.12.1994
 

Submited by

sábado, abril 9, 2011 - 19:46

Poesia :

No votes yet

gaudella

imagem de gaudella
Offline
Título: Membro
Última vez online: há 11 anos 31 semanas
Membro desde: 03/25/2011
Conteúdos:
Pontos: 346

Comentários

imagem de cmcmachado

poemas

Que pena que o ser humano se molda em religiões e políticas , feitas pelos grandes, uma pena , já foi assim no passado , é no presente e com certeza será no futuro, coitados de nós, tbm, me questiono, por  que as religiões estão em nós , nos nossos atos de cada dia, penso assim , na minha plena ignorância, uma lástima e com isso as guerras, inocentes morrendo e nós cada dia um pouquinho mais!

Add comment

Se logue para poder enviar comentários

other contents of gaudella

Tópico Título Respostas Views Last Postícone de ordenação Língua
Poesia/Amor Sweet angel. Sweet angel, with golden wings 0 1.142 01/05/2012 - 00:49 inglês
Poesia/Amor I’ve got a Rose Shaped Heart 0 1.154 01/05/2012 - 00:40 inglês
Poesia/Amor C’roa d’ouro na tua cabeça, 0 1.087 01/05/2012 - 00:32 Português
Poesia/Soneto Já fui uma bala, uma ‘spada 0 1.046 06/03/2011 - 23:42 Português
Poesia/Soneto Eu tenho um calhau como coração 0 1.202 06/03/2011 - 23:40 Português
Poesia/Erótico Eroticus II – Iniciação 2 1.683 05/15/2011 - 21:16 Português
Prosas/Fábula The Tiger And The Monkey 0 2.705 05/13/2011 - 15:26 inglês
Poesia/Geral Adeus Campeão (A Ayrton Senna) 1 1.389 05/01/2011 - 11:37 Português
Poesia/Soneto Sabes que podes contar comigo 1 1.308 04/28/2011 - 19:58 Português
Poesia/Soneto Sábado à Noite 1 1.294 04/21/2011 - 14:24 Português
Poesia/Geral Goldwasser (incomplete) 0 1.686 04/14/2011 - 12:21 inglês
Poesia/Erótico Eroticus I – O Banho 0 1.291 04/11/2011 - 15:40 Português
Poesia/Erótico Eroticus III – Sonhos de Cabedal 0 1.392 04/11/2011 - 15:36 Português
Poesia/Geral Aos senhores da guerra 1 1.186 04/09/2011 - 21:29 Português
Poesia/Geral Vida Incógnita 0 1.062 04/09/2011 - 13:23 Português
Poesia/Amor Ad Aeternum… Of dark and Bright… 1 2.064 04/08/2011 - 22:06 inglês
Poesia/Geral A Espada da Liberdade 1 1.286 04/06/2011 - 13:52 Português
Poesia/Geral Twelve grapes 0 1.723 04/05/2011 - 01:43 inglês
Poesia/Fantasia The Sword, The Eagle and The Dragon 1 1.703 04/03/2011 - 03:14 inglês
Poesia/Soneto Deixem que vos conte a ‘stória 2 1.448 03/31/2011 - 16:18 Português
Poesia/Soneto Já não tenho palavras p’ra te dizer 2 1.169 03/31/2011 - 02:13 Português
Poesia/Soneto Co’o rosto dum anjo celeste 1 1.195 03/29/2011 - 19:55 Português
Poesia/Amor Sempre. Sempre estarei aqui, por ti. 1 1.259 03/29/2011 - 19:43 Português
Poesia/Geral Contrabandista 1 1.322 03/29/2011 - 19:40 Português
Poesia/Soneto Ópio dos poetas 1 1.655 03/29/2011 - 19:32 Português