UM OLHAR

Um olhar

Ao olhar sempre para o ar,

Ponham a mente a pensar,

Que há também vida no chão,

Não pisem o seu coração.

A mente manda e os olhos vêem,

Ao sentir o chão eles lêem,

E a mente decide o que fazer,

Se quer viver ou morrer.

Olhar sempre na direcção do céu,

O pensamento já esqueceu,

Que os olhos que olham para o ar,

Em terra também hão-de ficar.

A vida não está no além,

É no chão que ela nasce de alguém,

Que pode ser pobre ou rica,

Mas é no chão que ela sempre fica.

É no chão que a vida se ajoelha,

E a mente pensa e aconselha,

Que a importância não tem valor,

Se não nascer ligada ao amor.

A mente nunca se deve esquecer,

Que é no chão que tem viver,

Não é preciso olhar sempre para o ar,

Pensando que é capaz de voar.

É no chão que vive toda a gente,

Com pensamento sempre diferente,

Mas no fim são todas iguais,

Quer sejam humanos ou animais.

Pensar assim, nem todos pensam,

Mas é preciso que se convençam,

Que a morte não escolhe, nem é social,

Ela é para todos sem excepção, igual.

Tavira, 2 de Dezembro de 2011-Estêvão