Nocturne
Lembro-me de um recinto de harmonia
onde os deuses têm banquetes de grandiosidades inimagináveis
e onde se contam as glórias que os súbditos invocam em eterno louvor.
A moradia de brisas, orvalho e tudo o que se esconde das horas claras
e onde respiram as madrugadas que deixaram a meia-noite debater-se em dor.
A imprudência muitas vezes jaz cansada apalpando a cegueira de quem só ri de dia.
Onde é conveniente ser rival de tantos medos que circulam embriagados
jazem feitiços, poemas e até sinfonias que desejam a certeza do que apenas a Glória bebia
e enfraquecem quaisquer prantos que ofusquem o sorriso de bruxos, poetas e até apaixonados.
Com bênçãos de piedosos, sobe o fumo timidamente para os céus abençoar
enquanto são dados fantasiosos passos evocando animais de atitudes nobres.
Os mochos meditam em sabedoria enquanto lobos uivam ao orgulho do divino luar,
pedindo esmolas como quem não sabe esconder a riqueza do que muitos consideram pobre.
Tenho neste forte e intrépido peito, o soar de trovões em mundos de louvores sublimes,
onde volteiam chamas de grandeza pasmada, rios de fé abençoada,
que nada padecem das sombras de frias paisagens, colheitas de fogueiras abandonadas
e onde o riso de se ser vivo é mais glorioso do que a deusa de pecados desavergonhados.
Mil espelhos volteiam ao meu redor como sonhos que pairam para serem concretizados,
palácios de proezas seduzidas pelo requinte de dias de espanto, um odor a maduro e sereno canto.
Onde se escondiam sombras sem pudor nem ternura, agora rasgam os céus de cor escura,
luzes bruxuleantes que tecem esperança no vasto oceano da imperfeita impossibilidade.
Submited by
Poesia :
- Login to post comments
- 421 reads
Add comment
other contents of Solitudinis
Topic | Title | Replies | Views |
Last Post![]() |
Language | |
---|---|---|---|---|---|---|
![]() |
Fotos/Profile | The stains of lifeless deeds | 0 | 1.347 | 11/24/2010 - 00:38 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Once upon the sun | 0 | 1.353 | 11/24/2010 - 00:38 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | As the sky is drowning light | 0 | 1.338 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | For a sign of hopeful light | 0 | 1.397 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Looking at a loving dream | 0 | 1.447 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Passionate in a distant land | 0 | 1.415 | 11/24/2010 - 00:37 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Once upon a loving coffee | 0 | 1.918 | 11/24/2010 - 00:36 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Profile | Keeping the ruined memory | 0 | 1.494 | 11/24/2010 - 00:36 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Landscape | A catedral de Novi Sad de dia (Sérvia) | 0 | 1.552 | 11/20/2010 - 05:25 | Portuguese |
![]() |
Fotos/Landscape | A catedral de Novi Sad (Sérvia) | 0 | 1.731 | 11/20/2010 - 05:25 | Portuguese |
Prosas/Saudade | "Sob um céu de Outono chorei..." - Conto Completo | 0 | 1.313 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Saudade | "São asas e o vento..." - Conto Completo | 0 | 1.248 | 11/18/2010 - 23:47 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "Sob a neblina que me corta o sangue" - Conto (Excerto) | 0 | 1.285 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "Sentiam os meus passos na escuridão" - Conto (Excerto) | 0 | 1.269 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Com a sua luz, pinto a divina gentileza - Conto (Excerto) | 0 | 1.217 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | A arte das sombras aprisionadas - Conto (Excerto) | 0 | 1.261 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | Resquícios de estranhas sinfonias - Romance (2º livro - Excerto) | 0 | 1.481 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "Tenho um sonho como consorte" - Conto (Excerto) | 0 | 1.143 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Prosas/Mistério | "De espectros e dor..." (Excerto) 1º livro | 0 | 1.046 | 11/18/2010 - 23:45 | Portuguese | |
Poesia/Meditation | "Molduras" - prosa poética completa | 0 | 1.086 | 11/17/2010 - 23:21 | Portuguese | |
Poesia/Love | Inebriante e sereno (Prosa Poética - Excerto) | 0 | 1.192 | 11/17/2010 - 23:20 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | Tenho dor nos meus olhos - (Prosa Poética - Excerto) | 0 | 1.311 | 11/17/2010 - 23:17 | Portuguese | |
Poesia/Love | For a muse of divine dreams | 0 | 1.201 | 11/17/2010 - 23:16 | Portuguese | |
Poesia/Sadness | The comfort of a fallen man | 0 | 1.290 | 11/17/2010 - 23:16 | Portuguese | |
Poesia/Gothic | Fragille Insomnia | 1 | 1.109 | 03/05/2010 - 03:54 | Portuguese |
Comments
Re: Nocturne
Um poema bem escrito e inspirado, gostei!!! :-)
Re: Nocturne
Escolhi este aleatoriamente, porque de todos, de todos gostei.
Possivelmente porque a noite é "a noite" e, como tal...nem todos os "gatos são pardos" ( é das poucas sabedorias populares que contrario). É na noite que se distingue os seres, tal como a tua escrita se distingue e, digo porquê...entrega-se a misteriosos rituais, invoca agnose em núpcias pagãs com a natureza...e, " ed é subita sera...nocturm" = " e de súbito anoitece"...envolvendo-nos em jogos para adiar o dia.
Beijo