CIDADE FANTASMA

O meu sentir era uma limusina
de claridades que me detinham em frente.

Alumiado a todas as frentes nas traseiras dos mundos.

O meu sentir agora, é uma cortina
de ruinas num túnel sem luz ao fundo.

As minhas mãos
seguravam os momentos pelos cornos.

Assaltavam o tempo para lhe roubar instantes.

As minhas mãos agora, são silvas.
São moedas de troca sem metáfora de mão em mão.

A minha voz era um centro urbano
onde a família era o pão que alimentava a multidão.

O meu dizer era um templo de sonhos.

A minha voz agora,
é a baixa de uma cidade fantasma.

O que agora digo, são peças arrependidas
de encaixar nos desencaixes que inventei.

A noite era-me uma flor de perfumes insanos.

A noite agora, é o pijama da minha insónia.

A minha paixão era de fogo, era de emoções vulcões,
estar apaixonado era a minha aurora boreal.

A minha paixão agora, é uma pedra de gelo.

Estar apaixonado agora,
é uma nuvem de cinzas que me tolda o ser.

Eu que era eu, era um eu de nascentes
que desmantelavam todas as poluições.

Era um eu
que domava dragões,
o eu que encantava donzelas.

Agora, sou um eu só.

 

 

 

Submited by

Tuesday, March 27, 2012 - 20:52

Poesia :

Your rating: None (1 vote)

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 9 years 16 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Comments

Maria Vaz Costa's picture

Agora, sou um eu só

Muito sentido...Bem forte...
Mas com grandiosa beleza...
E nessa tristeza
São momentos que já lá estão...
Momentos vêem...
Momentos vão...
Para que o riso um dia venha
E abra de novo teu coração...

M D S V C

:(

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Thoughts DA POESIA 1 8.206 05/26/2020 - 23:50 Portuguese
Videos/Others Já viram o Pedro abrunhosa sem óculos? Pois ora aqui o têm. 1 43.665 06/11/2019 - 09:39 Portuguese
Poesia/Sadness TEUS OLHOS SÃO NADA 1 4.196 03/06/2018 - 21:51 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O INFINITO SEJA O PRINCÍPIO 4 4.863 02/28/2018 - 17:42 Portuguese
Poesia/Thoughts APALPOS INTERMITENTES 0 4.507 02/10/2015 - 22:50 Portuguese
Poesia/Aphorism AQUILO QUE O JUÍZO É 0 5.100 02/03/2015 - 20:08 Portuguese
Poesia/Thoughts ISENTO DE AMAR 0 6.491 02/02/2015 - 21:08 Portuguese
Poesia/Love LUME MAIS DO QUE ACESO 0 5.778 02/01/2015 - 22:51 Portuguese
Poesia/Thoughts PELO TEMPO 0 4.453 01/31/2015 - 21:34 Portuguese
Poesia/Thoughts DO AMOR 0 4.213 01/30/2015 - 21:48 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SENTIMENTO 0 4.689 01/29/2015 - 22:55 Portuguese
Poesia/Thoughts DO PENSAMENTO 0 4.418 01/29/2015 - 19:53 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SONHO 0 3.905 01/29/2015 - 01:04 Portuguese
Poesia/Thoughts DO SILÊNCIO 0 5.419 01/29/2015 - 00:36 Portuguese
Poesia/Thoughts DA CALMA 0 5.094 01/28/2015 - 21:27 Portuguese
Poesia/Thoughts REPASTO DE ESQUECIMENTO 0 4.090 01/27/2015 - 22:48 Portuguese
Poesia/Thoughts MORRER QUE POR DENTRO DA PELE VIVE 0 4.594 01/27/2015 - 16:59 Portuguese
Poesia/Aphorism NENHUMA MULTIDÃO O SERÁ 0 3.878 01/26/2015 - 20:44 Portuguese
Poesia/Thoughts SILENCIOSA SOMBRA DE SOLIDÃO 0 4.798 01/25/2015 - 22:36 Portuguese
Poesia/Thoughts MIGALHAS DE SAUDADE 0 3.658 01/22/2015 - 22:32 Portuguese
Poesia/Thoughts ONDE O AMOR SEMEIA E COLHE A SOLIDÃO 0 3.599 01/21/2015 - 18:00 Portuguese
Poesia/Thoughts PALAVRAS À LUPA 0 4.999 01/20/2015 - 19:38 Portuguese
Poesia/Thoughts MADRESSILVA 0 3.623 01/19/2015 - 21:07 Portuguese
Poesia/Thoughts NA SOLIDÃO 0 4.328 01/17/2015 - 23:32 Portuguese
Poesia/Thoughts LÁPIS DE SER 0 4.414 01/16/2015 - 20:47 Portuguese