ANATOMIA DO IMAGINÁRIO

Descomplexa
anatomia do imaginário
onde a palavra baloiça inútil
na amargura das noites.

Noites
preconcebidas lugares de solidão.

Amadurecida controvérsia da alma.

Na periferia da saudade,
os sentimentos são de repente
geometrias polissexuais.

Vertem-se os medos
em conto de fadas nas palmas das estrelas
que enjaulam o sonho que cunha o caminho
audível à exigência do ego.

A tristeza é uma porta de ir embora.

A certeza
é um cântaro sem asa
em fontes de deslumbramento.

Plásticos,
os passos em palco
de um momento que acontece
nas cordas de pano por içar.

O pensamento passeia-se pelo corpo
como centopeias em hora de ponta.

A voz desencadeia-se
na enxaqueca das mãos empurradas ao caos.

Os olhares são de granito em ruína confessada.

O silêncio é um fardo
que contorna os olhos em grito eloquente.

As sensações
são drenadas olheiras
em lágrima gestual como adorno perfeito.