INCÚRIA


Rasgado, nulo.
Sensação identificada, desconhecida.

Diário sem ritmo, estancado.
Artificialmente indeciso, sem chave
para prosseguir a madrugada, imprecisa.

Euforia de olhos cheios, desproporcionados.
Passos vagos, arruados pelas avenidas da noite.

Chuva em coro, descolorida.
Fogueira da cara, sem tréguas.

Fusão proibida do grito à lágrima descompensada.
Vento imposto à voz da tarde, a vez que arde em espera.
Matriz de escadas em posição errada, em vertigem de sono.

Absolvido buraco em coma,
cavado pela culpa, contrariada.

Incúria, transeunte mão assustada, demolida em pranto.

Remate imóvel, urbano.
Parede à nora, degolada.
Farol pertinente, rasurado.

Paragrafo desfeito,
caminho feito ao feitio da razão, em contramão.

A lua em sílaba excitante,
cilada daltónica à proa do verbo reger.
Acontecer num poema içado pelo gancho do luar, gago.

Silêncio escondido, disfuncional limiar da alma.

Adeus caído da cápsula do tempo
ao chão do momento, sublinhado à luz da vela.

Autópsia do pensar,
corpo sem escala, entre-ambos-os-extremos.
Praga de procuras, distância dizimada, contrafeita.
Semente reposta ao espaço inconsequente, alheio à colheita.

 

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Wednesday, May 25, 2011 - 23:49

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