FLOR DA NOITE


Galho sem pássaros.

Flor da noite.

Insecto nos meus olhos.

Lua ferida
por luares canibais.

Doçuras inúteis.

Árvores de pé em vão.

Tristeza que sodomiza
a entranha do poema com sémenes de vento.

Fôlego que emprenha os caixões de carne.

Amanhã sem sempre.

Horas atadas a sono fel.

Fim de tudo
que resta num búzio abandonado.

Lágrima suspensa
num lenço de lâminas.

Rochedo em reflexo de beijo.

Avessas lassas
no pulso do pêndulo.

Voz aprisionada
ao gume do anoitecer.

Pétala em proa nua.

Saudade.
 

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Friday, June 24, 2011 - 22:23

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Henrique

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