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O Circo

Vou ao circo. Lá está a grande tenda,
De centenas de cores pintada;
Lá está toda ‘quela bicharada
Que fará nascer mais uma lenda.

Ali a jaula do majestoso,
Daquele rei da selva, o leão,
Mais adiante o pardo irmão,
No chão deitado, ocioso.

Em volta da tenda, nas roulottes,
Preparam-se os ledos artistas,
Para actuarem naquelas pistas.
São reis sentados em caixotes.

Vejo também as equestres raças,
Saltam, saltam nas suas jaulas.
Ali um saltimbanco dá aulas
Ensinando um petiz lançar massas.

Aproximo-me da bilheteira,
E Lá dentro, com ares de doutor,
Pergunta-me um oculto vendedor,
Se a senha é meia ou inteira.

Já entrei na tenda, finalmente,
Pouco a pouco vem a multidão
Sentar-se com grande confusão.
Apagam-se as luzes de repente.

Liga-se outra no centro da arena.
Aparece um serzito másculo,
Dando inicio ao espectáculo
Com um leonina faena.

Saltam e ressaltam os animais
Ao som do chicote do domador,
Pulam para as grades (que terror!
Pulam os filhos p’ros colos dos pais.)

Voltam p’ro chão, entram mais dois,
Co’os outros fazem pirâmides,
Atravessam mil ardentes sois,
E tudo há nas suas lides.

Protegido por uma cadeira
Lá vai ele, o herói sem medo,
Com seu rosto feito num penedo
E o chicote à sua beira.

Dá agora por acabado o seu show,
Este tão actual sandokan.
De mim não fez um sonhador fan
E a mesma impressão a outros deixou.

Volta a escuridão a envolver-nos
E logo com casacos sem braços
Chegam os cómicos, os palhaços,
Co’os seus velhos e rasgados ternos.

Co’a missão de alegrar um pouco
O povo que alegria procura,
E aqui vem numa noite escura,
Procurar a alegria dum louco.

Dão umas trocadas cambalhotas,
Escorregam, dão uma piada
E arrancam uma gargalhada
Que aproxima as gentes mais remotas.

Tudo vale para estes homens,
Tudo é significante, tudo:
Um sorriso, um som assim mais mudo,
Um grito dado pelos mais jovens…

São verdadeiros diplomatas
Estes palhaços, grandes senhores,
Que nos fazem esquecer nossas dores
Das vidas nestas humanas matas.

Despedem-se os reis da comédia,
Entra agora na arenosa pista
O da mão mais rápida que a vista,
O feiticeiro da fantasia.

Tira um coelho da cartola,
Põe uma bola no ar pairando,
Todas as criancinhas pasmando
Ao tirar do seu bolso uma rola.

Baralha as cartas, sai mais um truque,
Adivinha qual foi a escolhida;
Já no fim arrisca a sua vida,
Ao som dum mui rápido batuque.

À sua saída as luzes sobem,
Iluminam as grandes alturas,
Onde os artistas sem tonturas
Dão piruetas como ninguém.

Ali dão voos, saltos mortais,
Saltam para outros trapézios,
Indo de níveis intermédios
Para outros maiores, divinais.

Saltam por entre arcos bem ardentes,
Saltam por outros feitos de papel,
‘té saltam um laminoso anel!
Eles são estrelas cadentes!

Entre aplausos saltam para a rede
Para agradecer fazem vénias
(vénias não, honras sérias
Para quem tão alto valor mede!)

Entram uns, saem outros. É assim
A vida no circo. Todo o dia
A plantar sonhos, colher magia,
Um ciclo que jamais terá fim.

Entram agora os saltimbancos,
Ao ar suas garrafas lançando,
Labaredas de fogo soltando,
Rodopiando alguns pratos brancos.

Tocam co’o fogo na sua pele,
Lançam ao ar facas afiadas,
Deixam as pessoas admiradas,
Pensando: “como será possível?”

Entram por uma aberta cortina
Uns belos, emplumados cavalos,
Começa toda a gente a admira-los.
Vaidoso um deles até empina.

Andam em círculos concêntricos,
Todos em volta do seu treinador,
Que de cada um é conhecedor
Dos temores, cores ou salpicos.

Dão coices no ar, majestosos,
Viram, saltam, andam a galope,
Todos juntos, todos como um lote,
Não fazem actos mais perigosos.

Recolhem. Volta aquele homenzinho
Que ali no meio da arena grita,
Berra, faz uma enorme fita.
Despede-se, primeiro sozinho,

Depois chama todos os artistas
Que, todos juntos, fazem vénias,
Mostrando uma união de famílias,
Pois irmãos são entre as pistas.

Saio agora co’a multidão.
Cá fora as mesmas coisas vejo.
Mas agora levo no desejo
À fantasia dar minha mão.

03.07.1993

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sábado, março 26, 2011 - 00:48

Poesia :

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gaudella

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