ABSTRACCIONISMO

Tela de curvas adormecidas
numa válvula de relevos sem cara nem coroa.

Rodapé narrado à toa
por marés desvocacionadas à praia dos sentidos.
Retratos vertidos de abstractos invertidos ao acaso.

Protuberâncias sem azo de alimentar o chão
que se abre sobre uma persiana de poços sem fundo.

Ângulos engolidos por um mundo de fardos
num plano secundário de dunas como unhas a retalhar o céu.
Imagem de cardos rebentada pela cegueira de uma fogueira de ignorâncias.

Eira de acidentes entre cores cruas e descosidas
da senda dos rabiscos que prevaricam a limalha da forma.

Línguas de ensejo a desvolumizar imperiosamente o espaço
que rodeia a alma.

Tal pilha de mosquitos abarque a chama de uma candeia de silêncios.

Agrado informe que desfacta a estrutura da alucinação
como água nula na sede do que parece.

Metaforicamente insolvente como um malho
a traduzir o pó das páginas das pedras.

Pregos arrancados do olhar
como um porto no fundo do mar acolhe a vivacidade da morte.
Variação à sorte impugnada face a face ao impossível datado num se.

Percalço em desacordo. Perspectiva precária.

Locomotiva de receitas apregoadas
em ribomba agregada ao impacto de um nó
que parte o acto de pintar frases respiratórias.

Colapso indexado à realidade.
Duvida que transita em verbo isento.
Sublinhar caiado de cinzento na ponta de um pincel mandrião.

Desenho acumulado ao desdenho.
Montantes de apesar sem peso, sem jusante.
Branco que mora ileso à sombra da hora suja por lugares inquietos.

 

 

Submited by

Thursday, February 9, 2012 - 22:48

Poesia :

Your rating: None (2 votes)

Henrique

Henrique's picture
Offline
Title: Membro
Last seen: 9 years 17 weeks ago
Joined: 03/07/2008
Posts:
Points: 34815

Add comment

Login to post comments

other contents of Henrique

Topic Title Replies Views Last Postsort icon Language
Poesia/Aphorism BEM VISTO 0 3.123 01/15/2015 - 15:36 Portuguese
Poesia/Thoughts DESTRUIÇÃO 0 692 01/13/2015 - 21:56 Portuguese
Poesia/Thoughts CALMA 0 1.773 01/13/2015 - 14:13 Portuguese
Poesia/Thoughts QUE VIDA ME MATA DE TANTO VIVER 0 972 01/12/2015 - 21:18 Portuguese
Poesia/Aphorism SEM AUSÊNCIA 0 1.462 01/12/2015 - 18:03 Portuguese
Poesia/Aphorism Pior do que morrer, é não ressuscitar... 0 2.572 01/11/2015 - 23:04 Portuguese
Poesia/Thoughts CHOCALHO DE SAUDADE 0 1.103 01/11/2015 - 17:30 Portuguese
Poesia/Thoughts GRITO QUE AS MÃOS ACENAM NO ADEUS 0 1.238 01/11/2015 - 00:07 Portuguese
Poesia/Thoughts SOVA DE ALGURES 0 1.062 01/10/2015 - 20:55 Portuguese
Poesia/Thoughts SORRATEIRAMENTE 0 1.437 01/09/2015 - 20:33 Portuguese
Poesia/Thoughts SILÊNCIO TOTAL 0 1.585 01/08/2015 - 21:00 Portuguese
Prosas/Terror FUMAR É... 1 5.364 06/17/2014 - 04:23 Portuguese
Poesia/Love COMPLETAMENTE … 1 1.838 11/27/2013 - 23:44 Portuguese
Videos/Music The Cars-Drive 1 1.874 11/25/2013 - 11:52 Portuguese
Poesia/Passion REVÉRBEROS SÓIS … 1 1.798 08/15/2013 - 16:23 Portuguese
Poesia/Meditation AS ENTRANHAS DO SILÊNCIO … 0 1.347 07/15/2013 - 20:37 Portuguese
Poesia/Meditation TIQUETAQUEAR … 0 2.236 07/04/2013 - 22:01 Portuguese
Poesia/Sadness AMOR CUJO CARVÃO SE INCENDEIA DE GELO … 0 1.810 07/02/2013 - 20:15 Portuguese
Poesia/Sadness ONDE A NOITE SEMEIA DESERTOS DE ESCURIDÃO … 0 1.507 06/28/2013 - 20:58 Portuguese
Poesia/Meditation ESCOLHO VIVER … 1 2.058 06/26/2013 - 09:42 Portuguese
Fotos/Art Se podia ser mortal? 0 3.840 06/24/2013 - 21:15 Portuguese
Fotos/Art Um beijo com amor dado ... 0 2.344 06/24/2013 - 21:14 Portuguese
Poesia/Meditation AZEDAS TETAS DA REALIDADE … 0 1.094 06/22/2013 - 20:36 Portuguese
Poesia/Meditation FAÍSCAS NA ESCURIDÃO … 0 1.383 06/18/2013 - 22:52 Portuguese
Poesia/Meditation QUANTO BASTE … 0 847 06/10/2013 - 21:23 Portuguese