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A primeira vez do tempo...

Hoje, visto o espaço-temporal de desejo,
apetece-me chocar e abanar os ramos das pessoas,
podar as árvores cansadas de inércia
das multidões opacas,
amar as almas fracas,
espalhar sentimentos no ar
e respirar os cheiros das gentes todas de uma vez só,
até q o cheiro do mundo seja um perfume homogéneo...
Beijo os lábios apressados do tempo
faço-o devagar...
Primeiro ternamente,
depois avidamente, mordiscando-lhe os minutos...
Sobreponho as minhas pernas nos seus ponteiros erectos,
sinto nas coxas as palpitações dos segundos,
como sinos de igrejas conspurcadas por paganismos libertinos...
As pessoas seguem-me não porque eu mereça,
mas porque o perfume do mundo as move...
São peregrinos de um amor lascivo,
que deixou de ser possessivo,
no momento em que pertenceu a toda a gente!
O amor é a arma que comove e que nos arma...
Mas o amor é como a guerra,
quem volta, fica marcado para sempre...
E hoje o tempo amou pela primeira vez...
Aprendeu que gosta de ser tocado,
explorado, desejado, beijado, despido,
mordido...
É virgem mas descobre depressa o prazer da entrega!
Hoje pertence-me e decido que este dia não terá 24 horas,
terá as horas que o mundo precisar para sentir-se
entrelaçado em si mesmo!
E o tempo, na minha cama, dorme, abraçado a mim...

Inês Dunas
Libris Scripta Est

Submited by

domingo, julho 4, 2010 - 23:40

Poesia :

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Librisscriptaest

imagem de Librisscriptaest
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Comentários

imagem de Dianinha

Re: A primeira vez do tempo...

Tão forte e sereno ao mesmo tempo!
Tal como a tua pessoa... :-)

E o tempo, na minha cama, dorme, abraçado a mim...

E descanças, na certeza que o amanhã será melhor!
Beijo recheado de carinho desta que te admira...

imagem de ÔNIX

Re: A primeira vez do tempo...

e respirar os cheiros das gentes todas de uma vez só,
até q o cheiro do mundo seja um perfume homogéneo...

Olá linda Inês

Smpre que aqui venho fico assim meio sem jeito.
O que escreves é de uma intensidade que me apetece ficar mais um pouco a saborear este teu tempo, que marca de uma forma estrondosa o teu poema.

Essa respiração poderá ser também, inspiração de uma só vez todos os males do mundo para logo depois os expirares para a atmosfera, desobstruindo o canal?

Um gosto ler-te linda Inês

Um beijo grande

Dolores Marques

imagem de deborabenvenuti

Re: A primeira vez do tempo...

Belíssimo,Inês! Que bom seria dormir abraçada ao tempo e sentir as sensações do relógiosobreponho as minhas pernas nos seus ponteiros erectos.Sinto nas coxas as palpitações dos segundos,como sinos de igrejas conspurcadas por paganismos libertinosLindo.Beijo

imagem de Clarisse

Re: A primeira vez do tempo...

Um agitar as hostes, tentando acordar a consciência humana, aturdida no materialismo, egoísmo, egocentrismo, e mais uns tantos "ismos" por aí fora. Um poema esculpido bem ao teu jeito, e como de costume, lê-se com muito prazer. :-)
Gostei muito.
Beijos,
Clarisse

imagem de nunomarques

Re: A primeira vez do tempo...

Divinal Inês, divinal.
À que dar tempo, ao tempo, pois ele tambem precisa.
Bj

imagem de Nanda

Re: A primeira vez do tempo...

Inês,
Uma vonatde imperiosa de podar a consciência humana. Um poema forte que visa sacudir o conformismo humano.
És uma delícia!
Beijinhos querida
Nanda

imagem de Mefistus

Re: A primeira vez do tempo...

Uma delicia da evocação do tempo pioneiro, em ti prisioneiro, cativo na ansia de ser tocado.
Hoje. só por ser hoje, assim abraçado a ti, o tempo corre e em ti escorre esta doce mestria de o mordiscar nos minutos insanos, e sentir os ponteiros erectos, no prazer de deixar correr.

Fantástico!

Favoritos claro!

imagem de RobertoEstevesdaFonseca

Re: A primeira vez do tempo...

Olá, Inês.

Gostei muito da analogia erótico temporal que interpretei de seu texto.
O mundo é assim mesmo e nós, pessoas, individualmente, também somos.

Grande abraço,
Roberto

imagem de Henrique

Re: A primeira vez do tempo...

"apetece-me chocar e abanar os ramos das pessoas,
podar as árvores cansadas de inércia
das multidões opacas,
amar as almas fracas,
espalhar sentimentos no ar
e respirar os cheiros das gentes todas de uma vez só"

The best!!!!

E hoje o tempo amou pela primeira vez...
Aprendeu que gosta de ser tocado,
explorado, desejado, beijado, despido,
mordido...

Sublime descarga que nos abraça poeticamente!!!

:-)

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