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Sonambulismo...

Há um murmúrio desconfortável
que assola o tempo que se isola de fresco,
num mercúrio venenoso de termómetro que se partiu,
porque caiu no chão,
com o qual as crianças brincam a juntar gotas de morte...
Tenho medo de eleva(dores) porque sobem as escadas
mais depressa do que eu
e as descem como eu descia
quando as saltava em lances
e o embate do chão
me sabia a conquista quando estremeciam os predios
debaixo do eco dos meus pés...
Mas os elevadores elevam-se até onde quero subir
e eu tenho de deixar a porta fechar se quero ir...
Conto os pisos...
Um...
Dois...
Três...
Quatro...
E aquela musica de Vivaldi
que fala de quatro estações amarrotadas
num piano pardacento, amorfo e monocórdico
deixam-me ainda mais ansiosa e nervosa
pela claustrofobia da minha caixa...
E chego...
Lá em cima ainda existem andaimes
e açaimes de mim,
naquele piso coberto por plásticos,
de sofás que nunca foram repouso de ninguém...
E o medo vem me esperar à porta,
tinha estado a dormir e ainda tem ramelas nos olhos...
E eu sacudo o pó dos plásticos,
discretamente, com a palma da mão,
enquanto o medo lava os dentes à pressa...
E tomamos o pequeno-almoço juntos,
falamos do lixo à porta da inveja,
dos cães da saudade que mijam na escada...
Do ódio que rega as flores e molha os parapeitos das janelas
de toda a gente...
Da paixão que faz amor de persianas levantadas e nos olha de soslaio...
E caio...
Em mim, por entre pisos de sonhos...
E acordo nos meus braços porque os teus, ficaram lá...

Inês Dunas
Libris Scripta Est

Submited by

quarta-feira, agosto 25, 2010 - 00:01

Poesia :

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Librisscriptaest

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Comentários

imagem de Henrique

Re: Sonambulismo...

E o medo vem me esperar à porta,
tinha estado a dormir e ainda tem ramelas nos olhos...

Despertar é importante!!!

Bom poema Inês!!!

:-)

imagem de Sterea

Re: Sonambulismo...

Há quem misture palavras, com a esperança ou a petulância de as fazer passar por arte, só alcançável aos "eleitos", aos pseudo-eruditos. E quem não lhe segue cegamentem os esbarrões, é quase visto como herege, ou, pior, quadrado e insensível. Eu gosto de palavras sãs. Palavras nossas de cada dia, palavras que se agarram umas às outras com coerência e sentido do belo. Simplesmente belo.E sentido. Pode o texto transportar-nos aos fundos do surreal, ou aos cumes da transcendência. Mas que haja uma linha condutora, um extracto consistente, ah, isso eu gosto!
Isto tudo para dizer das tuas escritas: menina, levas-me sempre contigo nas palavras que reconheço!

Beijinho!

imagem de ÔNIX

Re: Sonambulismo...

Olá Inês.

A tua poesia, parece sair de um mundo, que não se sente, não se vê, não se toca, a não ser quando, desces a outro plano, e nesse espaço te sentes como uma personagem principal saída de um conto de fadas

beijos linda INês

Dolores Marques

imagem de MargaridaRibeiro

Re: Sonambulismo...

Há poemas que deixam um trago a encanto, uma sensação de não acordar porque o sonho dura enquanto a leitura se sucede em gotas de nectar.

Este teu poema é assim, um fruir que não apetece terminar.

:-)

imagem de Mefistus

Re: Sonambulismo...

O visual em ti é uma das mais belas caracteristicas da tua poeisa.
depois acrescentas os sons, o teu interior tão rico em risos, sorrisos e outros aspectos de vivência fértil.
A grande mensagem?

Da paixão que faz amor de persianas levantadas e nos olha de soslaio...
E caio...

Lindissimo!

imagem de ANAMAXIMO

Re: Sonambulismo...

Inês,
Que belezura este poema!!! Maravilhooooso; não há nada melhor para dizer sobre ele. Sua poesia comove; envolve; inspira...
Parabéns!
Ana Patricia Maximo

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